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minha gata não insista, Disneylândias não vão te levar pro céu

Somos contos contando contos, nada. - Fernando Pessoa 

sexta-feira, setembro 14, 2007

01:30 - antonioni

Um restaurante no fim do mundo. Um dono, ou talvez um casal de donos, totalmente entediado com a falta de novidade. O pouco dinheiro que entra quando alguem se perde com fome pelo fim do mundo é o suficiente pra viver uma vida contida, comendo pouco e lambendo os dedos enquanto prepara uma refeição pela qual receberá alguns trocados. Nessa noite chove, vinda de algum lugar uma mulher passa pela porta, tudo está vazio. Minutos após os insistentes toques na campainha sobre o balcão, um homem de meia idade, com um sobre-tudo sobre os pijamas, chega e lhe dirige a palavra. Apenas um pouco de comida, ela quer um pouco de peixe e arroz para preparar no seu próprio fogão, assim é mais barato, ela explica, também não tem nenhuma alta quantia.
Enquanto isso, um homem, acompanhante dessa mulher, deixa a casinha na beira do lago e vai buscá-la.

Então, ambos - homem e mulher - estando sentados em uma mesa do restaurante, enquanto a esposa do dono prepara algum prato interessante na cozinha. Eles não se falam. Veja bem, eles nunca se falaram muito, nunca chegaram a debater qualquer coisa séria ou expor seus sentimentos um ao outro. Mas, neste momento, eles não falam absolutamente nada, apenas degladiam-se com olhares. Nenhum está realmente zangado em relação ao outro, não existe ódio ou raiva entre os dois. Simplesmente existe nada, um grande vazio, abismo ali no meio. Ela apaga o cigarro no cinzeiro já cheio, ato contínuo, enfia suas unhas e dedos nos tocos de cigarros e cinzas, sua expressão continua inalterada. Nada se lê em suas faces, a não ser um entediamento absoluto.

Ele tira do bolso o livro "seu cliente pode pagar mais", um pouco de realidade nessas férias desérticas, ele deve estar pensando. Logo encontra mentalmente ensinamentos prévios que provavelmente estão reeditados nesse almanaque do positivismo, sorri e guarda novamente o livrinho sem nem a menos abrí-lo. Ela assiste a cena com uma risada irônica, que em poucos segundos se converte em desprezo. Ela se levanta e vai ao banheiro. A comida chega. Ele não espera ela voltar para iniciar a refeição.

Eles não voltam para a casinha alugada, vagam pela estrada escura em direção ao nada. Dão voltas e voltas sem sentido, sem distinguir o céu do horizonte, não falam nem se tocam, estão juntos apenas como conseqûencia do hábito de estarem juntos. Não se conhecem mais, nunca se conheceram. Andam assim até o dia amanhecer, e a noite chegar novamente, e até não mais se verem, acabarem sozinhos, como sempre estiveram.

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pedro s.

Pedro S. S. 2005 > 2009 Creative Commons License
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