<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d12487105\x26blogName\x3dminha+gata+n%C3%A3o+insista,+Disneyl%C3%A2ndias...\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dTAN\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://disneylandias.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://disneylandias.blogspot.com/\x26vt\x3d-6963227850280037534', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
minha gata não insista, Disneylândias não vão te levar pro céu

Somos contos contando contos, nada. - Fernando Pessoa 

sábado, abril 26, 2008

20:28 - A pior forma de tortura

'In headaches and in worry
Vaguely life leaks away,
And Time will have his fancy
To-morrow or to-day.
- As I Walked Out One Evening, WH Auden


A pior forma de tortura
da qual se tem notícia
não é a donzela de ferro
ou o pau-de-arara
nem mesmo os escapamentos dos jipes do exército
A pior ferramenta de tortura
é uma coisinha que convencionamos
achar totalmente inofensiva
quiçá indispensável à vida moderna

Tortura milhões de homens e mulheres
todos os dias, embora
alguns afortunados tenham descanso
nos fins de semana e feriados
Essa máquina objetiva e abjeta
precisa e onipresente
Arranca-nos todas as manhãs
brutalmente
do mundo tranqüilo e onírico
e nos chuta, sem compaixão,
para a dura e indeletável realidade
Rotina, trabalho e amor

Felizes os que não têm despertador!

pLink

pedro s.
sexta-feira, abril 25, 2008

17:22 - Trágico hábito

"And the world is made of energy
and the world is synchronicity
and the world is made of energy
and there's a light inside of you
and there's a light inside of me.

It’s gonna be all right
It’s gonna be all right uh huh yeah.
We’re gonna see the sunlight
We’re gonna see the sunlight uh huh yeah."

- The Apples in Stereo


Daqui há três horas, estará seu corpo nu estendido sobre uma mesa metálica, com furinhos impessoais que drenarão seus fluidos sem preconceito algum. Logo que o assistente começar a abrir a caixa torácica com um alicate comum, o lugar se encherá de um doce aroma inexplicável de Alfazema, o qual demorará meses para desaparecer completamente. Sem demonstrar perturbação, os dois homens ali seguirão observando os danos aos órgãos internos. Pulmões escurecidos por fumaça inalada durante vários anos, pulmão direito com diversas lacerações, costelas direitas com múltiplas fraturas, coração e saco pericárdico intactos, grandes vasos idem. Será recolhida uma amostra de sangue para análise do uso de drogas. Depois dar-se-á o exame do abdômen, cérebro, pescoço.
Na folha sobre a prancheta, o médico legista escreverá nas observações, após ter preenchido a declaração de óbito, "hábito tabágico".




Nesse momento, ela não lembra exatamente quando entrou nessa onda neo-hippie new age atrasada, totalmente livre de tóxicos. A influência dos pais, ex-hippongas, deve ter ajudado; os livros do Caio F. também. Esses pais que nunca ligaram muito, na verdade, achavam até bonitinha a repetição cíclica dos hábitos familiares. A única coisa que incomodava eram os incensos SEMPRE acesos, no quarto, na cozinha, no banheiro, no carro, na faculdade, em tudo que era lugar. Em verdade, ninguém conseguia aguentar aquilo por muito tempo.
No início, os amigos achavam muito engraçado e só tiravam sarro da sua cara, com o tempo, eles e ela foram se afastando mutuamente, como se fossem se desconhecendo. Na faculdade de comunicação social, os colegas pediram com muito jeito pra ela parar com aquela merda de incenso-em-todo-lugar, porque se era proibido fumar ali, devia também ser proibido ficar queimando aquelas coisas que literalmente tiravam lágrimas dos olhos dos colegas mais alérgicos. Preferiu abandonar a faculdade inútil aos incensos.
Após ler tantos livros levemente conflitantes - quando se pensa um pouco, não tem mais certeza se já entramos afinal na era de Aquário, não tem mais certeza de porra nenhuma. Também não faz diferença agora, todo esse aparato místico não ajudou em nada, pelo contrário, afundou sua vida numa depressão solitária sem fim.




Em trinta minutos, estacionará o carro novo que o pai (ex-hippie, neo-empreendedor explorador dos trabalhadores) deu na tentativa de fazê-la sair de casa. Sairá do carro, subirá na mureta do viaduto da Borges -é um belo dia de sol em Porto Alegre- e despencará até a rua. Com um incenso aceso entre os dedos.

pLink

pedro s.
terça-feira, abril 22, 2008

01:25 - In my Craft or Sullen Art


In my craft or sullen art
Exercised in the still night
When only the moon rages
And the lovers lie abed
With all their griefs in their arms,
I labour by singing light
Not for ambition or bread
Or the strut and trade of charms
On the ivory stages
But for the common wages
Of their most secret heart.
Not for the proud man apart
From the raging moon I write
On these spindrift pages
Nor for the towering dead
With their nightingales and psalms
But for the lovers, their arms
Round the griefs of the ages,
Who pay no praise or wages
Nor heed my craft or art.
Dylan Thomas

pLink

pedro s.
segunda-feira, abril 21, 2008

20:22 -

Tenho um cachorro chamado Amor e outro Indiferença.
Toda manhã, de sol ou não, Indiferença me acorda com lambidas na cara.
Amor come sua porção de ração e vai vadiar pela rua.
À noite, chamo-o com cara de filhote sem dono,
Quero afagar o Amor, passar por suas orelhas minha mão
Mas quem vem correndo é Indiferença, babando de alegria.

Teria eu errado a mão ao batizá-los?
Ou seria tudo isso somente mais uma ironia da natureza?

Não sei. Tudo que sei é que tento dormir com Indiferença sobre meus pés, sob os uivos de Amor para a lua.

pLink

pedro s.

Pedro S. S. 2005 > 2009 Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Based on a work at disneylandias.blogspot.com. - Powered by Blogger and Blogger Templates | Blogarama