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minha gata não insista, Disneylândias não vão te levar pro céu

Somos contos contando contos, nada. - Fernando Pessoa 

terça-feira, julho 19, 2005

00:56 - para contarmos para nossos filhos

mindfuck, nonsense, surreal, anestesiante, uglysexy, entorpecente, alucinógeno e drugless.

Estava eu em um banquinho de shopping com a Natália, um beijo foi interrompido pela exclamação "o amor é lindo" precedida (ou não) de um "com licença": era um jovem senhor de vinte e quatro anos mais meio século (Adalberto ou Alberto, como descobrimos depois) que parou na nossa frente e declamou um monólogo inacreditável. Falou ele sobre amor, inverno, primavera, tempo, mudanças, purificação, namoros, traição, beleza, emoções, dietas, poesia, vida e morte. Contou-nos a história de sua família (os pais vieram de Veneza para o Brasil um tempo depois da primeira grande guerra) e também a história de um poeta, que casou-se no leito de morte (havia sido baleado na revolução), autor do seguinte soneto:

Duas Almas

Ó tu, que vens de longe... Oh, tu que vens cansada,
Entra, sob este teto encontrarás abrigo.
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada!

A neve anda a branquar lividamente a estrada.
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra. Ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada...

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa.

Já não serei tão só; nem serás tão sozinha!
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha!...

Alceu Wamosy era o nome do poeta. Adalberto declamou e gesticulou esse poema para nós em meio ao movimento estúpido de pessoas que andam sem saber porque andam, passando, dessa forma, quase incógnito.

O Velho (com toda a admiração que pode existir nessa palavra) foi amigo de Mário Quintana, nos contou alguma coisa sobre o quanto esse desgostava da sua cidade natal por causa da ignorância dos habitantes e citou "um erro em bronze é um erro eterno". Também falou de sua própria mulher, filhos e netos.

Sobre o amor longamente discorreu. Que esse sempre cresce, que é construído e purificado com o tempo, que existem problemas que podem ser consertados e muitas outras simplicidades de grande importância.

Foi, em síntese, uma aula sobre a existência com um mestre bastante entendido. O momento em que isso se deu foi especialmente interessante: estamos no início de um relacionamento e extremamente apaixonados. Somando tudo, tivemos uma cena de natureza irreal, um evento singular o qual encaixou-se com perfeição em nossas vidas. Ainda não sabemos ao certo se o narrado aqui realmente aconteceu, agora isso não tem mais importância: a mensagem foi entregue.

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pedro s.
sexta-feira, julho 08, 2005

23:31 - Fui nas Cinzas Passado, Cordel do Fogo Encantado

One of the fucking best shows of my life!




Percussão alucinante (3 músicos), interação artista-platéia incrível, letras simples e carregadas de emoção, Lirinha (vocalista) totalmente performático e teatral, casa lotada com uma galera que pulava como se estivesse no maior espetáculo da terra...

Eu fui no Opinião esperando uma boa apresentação de um bom grupo de música, saí de lá tendo a clara impressão de ter participado de uma catarse revigorante.

Essas poesia é uma pequena homenagem ao meu grande amor =p. Qualquer dia eu faço um mega post pingando mel pra ela =)

Ai se Sêsse

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois lá subisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu ariminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me aresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tavés que nois dois ficasse
Tavés que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse
- Zé da Luz (em resposta ao argumento de que era necessário um português correto para se fazer poesia de amor)

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pedro s.
quarta-feira, julho 06, 2005

21:06 - 20 indie albums

( ) - Sigur Rós '02
Talkie Walkie - Air '04
Funeral - The Arcade Fire '04
Origin of Simmetry - Muse '01
Give Up - The Postal Service '03
Rockin' the Suburbs - Ben Folds '01
Fever To Tell - Yeah Yeah Yeahs '03
Franz Ferdinand - Franz Ferdinand '04
Turn On The Bright Lights - Interpol '02
Our Constant Concern - Mates of State '02
B.R.M.C - Black Rebel Motorcycle Club '00
The Chain Gang of Love - The Raveonettes '03
Son of an Evil Reindeer - The Reindeer Section '02
Dear Catastrophe Waitress - Belle and Sebastian '03
Yoshimi Battles the Pink Robots - The Flaming Lips '02
When I Said I Wanted to Be Your Dog - Jens Lekman '04
Underachievers Please Try Harder - Camera Obscura '03
Clap Your Hands Say Yeah - Clap Your Hands Say Yeah '05
Good News for People who Love Bad News - Modest Mouse '04
Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven - Godspeed You Black Emperor! '00

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pedro s.
domingo, julho 03, 2005

20:07 -

Perdi a vontade de atualizar isso aqui, o que me leva a crer que tenho coisas mais importantes pra me preocupar. Sounds good. Textinhos legais são uma exceção:

O MITO DE SÍSIFO



Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de una montanha, de onde ela caía de novo, em conseqüência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança. A acreditar em Homero, Sísifo era o mais ajuizado e o mais prudente dos mortais. No entanto, segundo outra tradição, tinha tendências para a profissão de bandido. Não vejo nisto a menor contradição. As opiniões diferem sobre os motivos que lhe valeram ser o trabalhador Inútil dos Infernos. Censura-se-lhe, de início, certa leviandade para com os deuses. Revelou os segredos deles. Egina, filha de Asopo, foi raptada por Júpiter. O pai espantou-se com esse desaparecimento e queixou-se dele a Sísifo. Este, que estava ao corrente do rapto, propôs a Asopo contar-lhe o que sabia, com a condição de ele dar água à cidadela de Carinto. Aos raios celestes, preferiu a bênção da água. Por tal foi castigado nos Infernos. Homero conta-nos também que Sísifo havia acorrentado a Morte. Plutão não pôde suportar o espetáculo do seu Império deserto e silencioso. Enviou o deus da guerra, que soltou a Morte das mãos do seu vencedor. Diz-se ainda que, estando Sísifo quase a morrer, quis, imprudentemente, pôr à prova o amor de sua mulher. Ordenou-lhe que lançasse o seu corpo, sem sepultura, para o meio da praça pública. Sísifo encontrou-se nos infernos. E aí, irritado com uma obediência tão contrária ao amor humano, obteve de Plutão licença para voltar à terra e castigar a mulher. Mas, quando viu de novo o rosto deste mundo, sentiu inebriadamente a água e o sol, as pedras quentes e o mar, não quis regressar à sombra infernal. Os chamamentos, as cóleras e os avisos de nada serviram. Ainda viveu muitos anos diante da curva do golfo, do mar resplandecente e dos sorrisos da terra. Foi necessário uma ordem dos deuses. Mercúrio veio pegar no audacioso pela gola e, roubando-o às alegrias, levou-o à força para os infernos, onde o seu rochedo já estava pronto. Já todos compreenderam, que Sísifo é o herói absurdo. É-o tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento. O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível em que o seu ser se emprega em nada terminar. É o preço que é necessário pagar pelas paixões desta terra. Não nos dizem nada sobre Sísifo nos Infernos. Os mitos são feitos para que a imaginação os anime. Neste, vê-se simplesmente todo o esforço de um corpo tenso, que se esforça por erguer a enorme pedra, rolá-la e ajudá-la a levar a cabo uma subida cem vezes recomeçada; vê-se o rosto crispado, a face colada à pedra, o socorro de um ombro que recebe o choque dessa massa coberta de barro, de um pé que a escora, os braços que de novo empurram, a segurança bem humana de duas mãos cheias de terra. No termo desse longo esforço, medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade, a finalidade está atingida. Sísifo vê então a pedra resvalar em poucos instantes para esse mundo inferior de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície.


É durante este regresso, esta pausa, que Sísifo me interessa. Um rosto que sofre tão perto das pedras já é, ele próprio, pedra! Vejo esse homem descer outra vez, com um andar pesado mais igual, para o tormento cujo fim nunca conhecerá. Essa hora que é como uma respiração e que regressa com tanta certeza como a sua desgraça, essa hora é a da consciência. Em cada um desses instantes em que ele abandona os cumes e se enterra a pouco e pouco nos covis dos deuses, Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte do que o seu rochedo. Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente. Onde estaria, com efeito, a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse? O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, roletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida. A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitória. Não há destino que não se transcenda pelo desprezo.


Se a descida se faz assim, em certos dias, na dor, pode também fazer-se na alegria. Esta palavra não é de mais. Ainda imagino Sísifo voltando para o seu rochedo, e a dor estava no começo. Quando as imagens da terra se apegam de mais à lembrança, quando o chamamento da felicidade se torna demasiado premente, acontece que a tristeza se ergue no coração do homem: é a vitória do rochedo, é o próprio rochedo. O imenso infortúnio é pesado de mais para se poder carregar. São as nossas noites de Gethsemani. Mas as verdades esmagadoras morrem quando são reconhecidas. Assim, Édipo obedece de início ao destino, sem o saber. A partir do momento em que sabe, a sua tragédia começa. Mas no mesmo instante, cego e desesperado, ele reconhece que a único elo que o prende ao mundo é a mão fresca de uma jovem. Uma frase desmedida ressoa então: “Apesar de tantas provações, a minha idade avançada e a grandeza da minha alma fazem-me achar que tudo está bem”. O Édipo de Sófocles, como o Kirilov de Dostolevsky, dá assim a fórmula da vitória absurda. A sabedoria antiga identifica-se com o heroísmo moderno.


Não descobrimos o absurdo sem nos sentirmos tentados a escrever um manual qualquer da felicidade. “O quê, por caminhos tão estreitos?...”. Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. “Acho que tudo está bem”, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe. O seu rochedo é a sua coisa. Da mesma maneira, quando o homem absurdo contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. No universo subitamente entregue ao seu silêncio, erguem-se as mil vozinhas maravilhadas da terra. Chamamentos inconscientes e secretos, convites de todos os rostos, são o reverso necessário e o preço da vitória. Não há sol sem sombras e é preciso conhecer a noite. O homem absurdo diz sim e o seu esforço nunca mais cessará. Se há um destino pessoal, não há destino superior ou, pelo menos, só há um que ele julga fatal e desprezível. Quanto ao resto, ele sabe-se senhor dos seus dias. Nesse instante subtil em que o homem se volta para a sua vida, Sísifo, regressando ao seu rochedo, contempla essa seqüência de ações sem elo que se torna o seu destino, criado por ele, unido sob o olhar da sua memória, e selado em breve pela sua morte. Assim, persuadido da origem bem humana de tudo o que é humano, cego que deseja ver e que sabe que a noite não tem fim, está sempre em marcha. O rochedo ainda rola.


Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que tudo está bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar Sísifo feliz.




In: CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo, ensaio sobre o absurdo. Lisboa, Livros do Brasil.

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pedro s.

Pedro S. S. 2005 > 2009 Creative Commons License
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