Exercícios poéticos menores.
Homenagem singela ao eternamente presente Fernando Pessoa.
Nesta página, vomito
minha colagem
de idéias.
Escrever é preciso
para acalmar anseios
e se me repito até a náusea
é porque a náusea nos cerca
a todos
a náusea
à náusea.
O que for, quando for, é que será o que é
Ponho de lado a roupa suja do que sou
e, nu, procuro
no armário da casa grande da infância
a veste acertada
daquilo que sempre quis ser
...
não encontro nada.
A constante incerteza do mundo
Bela aos olhos dos poetas
Atormenta-me dia e noite
Em claro, assombram-me pesadelos
de todas as possibilidade perdidas
que esgotadas uma vez e para sempre
Perseguem minha tão discreta existência
como sombras.
Vamos até a sombra sob o seixo
colher as flores ainda orvalhadas
e sorrindo da singularidade e beleza
esqueceremos todas as questões inúteis
que pagam o pão dos filósofos.
Na ignorância reside
a possibilidade última
do homem sentir-se completo.
Somos serenos apesar de tudo
cercados por horrores modernos
desviamos o olhar e procuramos
qualquer outra coisinha para acalmar as idéias.
Cínicos, irônicos e hipócritas,
marchamos no ritmo inexorável da sociedade de consumo
e, babando, sorrimos.
O menino de sua mãe ferve.
já não jaz morto nem apodrece
Clonado, como morto-vivo permanece
tal qual a cigarreira breve, ainda serve?
Beleza Ofuscante,
Um poema sobre amor que não seja piegas, eis aí um desafio - já que todos as cartas de amor são ridículas..
:
É um taça servida de balde
que, claro, esvazia-se com o tempo
Enchem-na todo dia com pequenas doses
e, vez ou outra,
deliciam-se com o vinho transbordante.
Mas não se engane:
festins passionais não bastam.
São em momentos nos quais o copo está quase vazio
que são colhidas as mais belas flores.
Porto Alegre, 27 de março de 2009.
pedro s.