Sobre um continente? Nada!
Navega num barquinho a vela.
Não faça essa cara
de reprovação:
embora não saiba navegar
está no mar.
Pode passar todo o tempo
a esquivar-se
dos temíveis homens
em seus ternos pastéis
com suas idéias simplórias
que vêm e vão, lado a lado
com a riqueza.
Enganar-se, crer que
o verdadeiro pote de ouro
está atrás das Folhas da Relva.
A poesia não tem ações
na bolsa de valores, meu jovem.
Ainda assim pensa
o largo sorriso vale além
da barriga cheia?
Não passa de uma suave
enrrolação
sabe e bastante bem
o fetiche artístico é
o espantalho a proteger
teus grandes campos infertéis
de objetividade!
Se pudesse, ah se pudesse
estaria empuleirado ao lado
estaria empuleirado ao lado
desses que despreza, dos inferiores
e ante um colapso mental
abriria um garboso sorriso
como somente um conta transatlântica
pode permitir.
que caem do céu
não passam de putas escusas
cujas falhas desculpas
não deves aceitar.
Ou passar todo o tempo
ao lado e aninhar-se
com Eles, os deuses fugazes
da terra das autoestradas.
Inflando pelo pueril gozo
de inflar.
Então segue, mais ou menos
hipócrita
como todos
mais e mais cínico
com todos
pra quem sabe um dia
pular fora desse pobre barquinho
e subir no maravilhoso Iate da vida.
Enquanto nós
rimos
com uma satisfação de clara
superioridade
mas não sem um pontada
de invejoso desprezo.
pedro s.