Hoje, acordei chateado e precisei fazer algo diferente, botei as calças sobre o pijama e sai pra rua apertando os olhos contra toda aquela claridade. Fui, de pés descalços, até o pequeno bosque ou coisa que o valha que tem aqui do lado de casa. A terra meio úmida (e com um pouco de lixo) funcionou como um tipo de terapia, relaxando os pés e todo o resto. Segui mato adentro, sentindo um pouco de frio - o dia estava tão ensolarado que nem pensei em vestir alguma camisa, mas na sombra a brisa tava dando calafrios - cuspi aquela baba branca, livrando-me dos últimos resquícios do sono. Deu pra ouvir os carros passando com pessoinhas apressadas e levemente atrasadas pra chegar em seus santos trabalhos, esse barulho serviu muito bem pra me tirar do tal transe-de-contato-com-a-natureza e voltei a ficar meio puto com tudo e todos. Então vi algo que me alegrou, um pequeno ninho meio torto de passarinho, com três ovinhos brancos pintadinhos, não lembro de ter visto isso antes, tão banal, mas tão raro e até bonito, no meio do caos cosmopolita dos dias de hoje.. Não tive dúvidas, catei com cuidado os três ovinhos, retirando com a outra mão os fiapos e galhinhos grudados, meti-os no bolso fundo e macio da calça de moletom e voltei pra casa.
Na cozinha, esquentei bem a frigideira com um pouco de óleo e fritei os três ovos. Com um pouco de sal não ficou tão ruim, e depois disso consegui ir trabalhar sem sentir as náuseas habituais..
Na cozinha, esquentei bem a frigideira com um pouco de óleo e fritei os três ovos. Com um pouco de sal não ficou tão ruim, e depois disso consegui ir trabalhar sem sentir as náuseas habituais..
pedro s.