Despedido: aquela velha e batida história de descontinuação de função, redução de custos e a porra toda. Sorte dele que com a grana do fundo de garantia somada às economias dos últimos anos ele teria o dinheiro que precisava. Para nunca mais trabalhar.
Sentou-se na cadeira de balanço que havia sido de sua bisavó, botou Exile on Main St. no toca-discos e ficou a fumar um bom fumo no cachimbo e a divagar sobre tudo aquilo. Havia anos já tinha decidido que não nada daquilo tinha Sentido e que ele nunca teria o que era preciso para deixar a Sua marca nesse mundo. Desistira de ter filhos, passar à diante os genes meia-boca parecia uma atitude covarde e lugar-comum para tentar dar sentido a esse cu de existência.
Dessa forma, sentia-se como um exilado ali no centro do sistema, na rua principal. Um alien entre os bons cidadões vivendos seus bons e corretos sonhos de vida capitalista. Nada contra, mas não dava mais para integrar-se. O trabalho como analista de sistemas tinha sido um saco desde que começara a aprendê-lo na faculdade. A vida amorosa foi nula, a sexual fora pouco melhor e, sabia, estava acabada.
Há uns bons três achos já tinha decidido vender o apartamento -e a vida na capital- e ir exilar-se de verdade, comprar uma terra pelas bandas de onde tinha sido a casa de seus avôs e levar uma vida solitária e auto-suficiente. Quem sabe escrevendo poemas bucólicos ou odes contra o modo de vida tecnológico.
No dia da venda do apartamento, comemorou o fim de dois meses de agonia com um porre homérico, três garrafas de um vinho chileno mediano compradas no Zaffari deram o tom. Depois bebeu todos os restos de todas as garrafas que tinha em casa. Pretendia parar de beber de vez, tinha medo de acabar cirrótico como o falecido pai. Não lembra de como vomitou metade da sala e mijou o guarda-roupa. Só que teve a pior ressaca de sua vida e que nem com quatro aspirinas a porra da dor de cabeça passou.
Atrasou em um dia a entrega do apê, pagou uma multa e tudo bem. Como tinha vendido toda a mobília junto, botou as roupas preferidas em uma mala e encheu a outra com os objetos e livros indispensáveis. Entrou no ônibus rumo ao sul do país.
Um carreto iria levar o som, o colchão e mais alguam porcaria mais tarde, quando já tivesse arumado uma casa.
Pouco depois do amanhecer no ônibus, lia em voz alta Vou-me Embora pra Pasárgada e, com lágrimas nos olhos, indagava-se "que diabos é alcalóide?".
Sentou-se na cadeira de balanço que havia sido de sua bisavó, botou Exile on Main St. no toca-discos e ficou a fumar um bom fumo no cachimbo e a divagar sobre tudo aquilo. Havia anos já tinha decidido que não nada daquilo tinha Sentido e que ele nunca teria o que era preciso para deixar a Sua marca nesse mundo. Desistira de ter filhos, passar à diante os genes meia-boca parecia uma atitude covarde e lugar-comum para tentar dar sentido a esse cu de existência.
Dessa forma, sentia-se como um exilado ali no centro do sistema, na rua principal. Um alien entre os bons cidadões vivendos seus bons e corretos sonhos de vida capitalista. Nada contra, mas não dava mais para integrar-se. O trabalho como analista de sistemas tinha sido um saco desde que começara a aprendê-lo na faculdade. A vida amorosa foi nula, a sexual fora pouco melhor e, sabia, estava acabada.
Há uns bons três achos já tinha decidido vender o apartamento -e a vida na capital- e ir exilar-se de verdade, comprar uma terra pelas bandas de onde tinha sido a casa de seus avôs e levar uma vida solitária e auto-suficiente. Quem sabe escrevendo poemas bucólicos ou odes contra o modo de vida tecnológico.
No dia da venda do apartamento, comemorou o fim de dois meses de agonia com um porre homérico, três garrafas de um vinho chileno mediano compradas no Zaffari deram o tom. Depois bebeu todos os restos de todas as garrafas que tinha em casa. Pretendia parar de beber de vez, tinha medo de acabar cirrótico como o falecido pai. Não lembra de como vomitou metade da sala e mijou o guarda-roupa. Só que teve a pior ressaca de sua vida e que nem com quatro aspirinas a porra da dor de cabeça passou.
Atrasou em um dia a entrega do apê, pagou uma multa e tudo bem. Como tinha vendido toda a mobília junto, botou as roupas preferidas em uma mala e encheu a outra com os objetos e livros indispensáveis. Entrou no ônibus rumo ao sul do país.
Um carreto iria levar o som, o colchão e mais alguam porcaria mais tarde, quando já tivesse arumado uma casa.
Pouco depois do amanhecer no ônibus, lia em voz alta Vou-me Embora pra Pasárgada e, com lágrimas nos olhos, indagava-se "que diabos é alcalóide?".
pedro s.