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minha gata não insista, Disneylândias não vão te levar pro céu

Somos contos contando contos, nada. - Fernando Pessoa 

terça-feira, junho 21, 2005

00:00 - Hail to the Winter

JUNHO

Edgar Poe, the ancient raven et moi. Penso no refrão de uma milonga minha, onde sobrevôo Porto Alegre: "Nunca mais, Nunca mais". O "Nevermore, Nevermore" do pássaro de Poe. Nunca havia pensado nisso. Boto na memória, desligo o computador e vou outra vez até a janela. Limpo o vidro, olho para a rua. No fundo, isso tudo é apenas o que meu olho inventa: Satolep. No tabuleiro rigoroso dessas ruas e na arquitetura minuciosa desses prédios a vida contemporânea explode em sua diversidade. Quando a noite chega, mil outras vezes a explosão se espalha em coisas que a cidade sonha. E a neblina desce e se instala. Estética do frio.*

A milonga em questão viria quatro anos depois, Ramilonga: Chove na tarde fria de Porto Alegre, trago sozinho o verde do chimarrão, olho o cotidiano, sei que vou embora, "Nunca mais, Nunca mais". Chega em ondas a música da cidade, também eu me transformo numa canção (ares de milonga vão e me carregam por aí, por aí, Ramilonga, Ramilonga). Sobrevôo os telhados da Bela Vista, na Chácara das Pedras vou me perder, noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim, "Nunca mais, Nunca mais". O trânsito em transe intenso antecipa a noite riscando estrelas no bronze do temporal. O tango dos guarda-chuvas na Praça XV confere elegância ao passo da multidão, triste lambe-lambe, aquém e além do tempo, "Nunca mais, Nunca mais". Do alto da torre a água do rio é limpa, Guaíba deserto, barcos que não estão Ruas molhadas, ruas da flor lilás, Ruas de um anarquista noturno, Ruas do Armando, Ruas do Quintana, "Nunca mais, Nunca mais". Do alto da bronze eu vou pra cidade baixa, depois as estradas, praias e morros, vaga visão, viajo e antevejo a inveja de quem descobrir a forma com que me fui. Ares de milonga sobre Porto Alegre, Nada mais, Nada mais.

Por aqui temos o solstício frio, vá até a janela e saúde o inverno que chega!

*Esse é um pedaço do texto de Vitor Ramil publicado na coletânea "Nós, os gaúchos" nos idos de 1993, que ele transformou no livro "A Estética do Frio" recentemente.

pedro s.

Pedro S. S. 2005 > 2009 Creative Commons License
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