A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida." F.P.
Antes de adormecer, fitar o teto na penumbra e pensar em tudo o quanto se pode pensar enquanto o sono não chega. Ou naquele curto período onde tentamos lutar contra o estupor já instalado. Racionalizar aquela tristeza aguda, destilando todos seus componentes. E assim, tentar chorar. E não conseguir. Porque não se precisa ou porque não tem lágrimas. O mais importante, acho eu, é, olhando através daquela escuridão que paira sobre o quarto, passar através do pior dos pesares e chegar em algum tipo de pensamento alegre, ou coisa semelhante a um momento feliz. Vislumbrar a luz do dia que irá nascer em breve, assim que piscar os olhos. Rir-se de como a gente pode criar a felicidade com o pensamento, mesmo que ela não exista aqui e agora. Criá-la no passado ou no futuro; entretanto, com a certeza de que ela ali está. E isso é o suficiente pra dormir em paz.